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#DITADURA NUNCA MAIS


“Para tentarmos entender o quão estamos suscetível à voltarmos a 1960, com tantos discursos de ódio, homofobia, misoginia, violência contra as mulheres, negros, trabalhadores, estudantes, índios. Seria um retrocesso, e uma falta de inteligência dos nossos políticos que agora estão aí governando, ou fazendo de conta que estão governando, a câmara Federal foi renovada, não de uma forma para atender aos anseios do povo, ela foi renovada para pior, pois os que estão lá dentro não veem com os olhos do povo, veem com os olhos de políticos, não estão preocupados com o povo, somente com que é dos interesses deles.
Parafraseando o inesquecível Deputado Federal Ulysses Guimarães:

“Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Temos ódio e nojo à ditadura” 

E essa frase foi dita á 31 anos atrás, em seu discurso para a implantação da CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA, com novos direitos civis restaurados após a ditadura instaurada em 1964. E, é assim que devemos nos comportar, principalmente a juventude que está vindo. 

A melodia de Wagner Tiso e letra de Milton Nascimento “CORAÇÃO DE ESTUDANTE” muito bem escrita por sinal, nos põe à pensar, se devemos ficar só olhando deitado em berço esplêndido, ou darmos um basta? Irmos a luta para não deixarmos acontecer no seculo XXI, o que aconteceu na década de 60.


Se não formos resistência, a tendência é acontecer a volta dos tempos sombrios da repressão com perseguições a artistas, intelectuais, estudantes, professores, igreja, comunidades de base, jovens, sindicalistas e exílio de tantas pessoas que são críticas ou não aceitam o que o governo quer implantar ao país.

A ditadura ceifou vidas de jovens estudantes, de trabalhadores, do povo brasileiro que lutavam por dias melhores e que até hoje os pais não puderam sequer velar os seus corpos. Nos dias de hoje basicamente alguns estão querendo efetivar a volta de momentos que só trouxeram dissabores e, dores para o povo, principalmente para a juventude e a classe estudantil”.
(Texto meu)
“Fazendo uma pesquisa na internet deparei-me com a análise da letra “CORAÇÃO DE ESTUDANTE”, de Wagner Tiso e Milton Nascimento. A letra traz um chamamento de liberdade, resistência, altruísmo e acima de tudo acorda a juventude da época para lutarem por dias melhores”. 

Vejamos o que nos mostra a análise da letra.


Uma das vertentes mais conhecidas da música nacional, a MPB possui canções inesquecíveis que são lembradas por décadas
Foto Divulgação
Entre os grandes artistas do gênero, é impossível não citar Milton Nascimento, cantor reconhecido por suas músicas sensíveis e profundas.

Análise da música Coração de Estudante

Antes de falar dos sentidos que a música traz, vale a pena uma explicação rápida sobre a história dela: o músico Wagner Tiso criou sua melodia para o documentário Jango, que narra a trajetória política de João Goulart até ser deposto pelo golpe militar.

Após o lançamento do filme, Milton escreveu a letra inspirado pelas lembranças do velório do estudante Edson de Lima, morto pelos militares em 1968. 

Foto: Evandro Teixeira

Rapidamente, a música foi abraçada pelos jovens que lutavam pelo fim da ditadura e era cantada em coro nas manifestações dos anos 80.
Agora que você já sabe a importância da composição, vamos conhecer os detalhes de cada verso? 

Quero falar de uma coisa
Adivinha onde ela anda

Deve estar dentro do peito

Ou caminha pelo ar


Logo em seu início, Coração de Estudante deixa claro que há um sentimento de agonia, de prisão, de algo que precisa ser liberado. 

Esse desejo demonstrado está claramente ligado ao contexto político vivenciado na época, em que as pessoas não tinham o direito de ir e vir, muito menos de se expressar. 
Foto: Evandro Teixeira
A procura pela liberdade marca cada verso, uma vez que ela pode estar em qualquer lugar, mesmo que silenciada naquele momento. Aqui já vemos como Milton usa as figuras de linguagem na letra, mostrando que a resistência pode estar dentro do peito ou pairando no ar. 

Os recursos como as metáforas e analogias, bastante usados pelos músicos da época, permitiam diferentes interpretações do mesmo trecho. Assim, a canção permitia vários significados e escapava da censura.

Pode estar aqui do lado 
Bem mais perto que pensamos 
A folha da juventude                  
É o nome certo desse amor 
Em 1983, ano em que a música foi composta, o governo militar já mostrava sinais de fraqueza.
Embora a mudança parecesse distante para muitos, ela podia ser vista em alguns lugares. O povo começava a despertar para a luta por dias melhores e isso trazia força e expectativa para dias melhores.   

Foto: Evandro Teixeira
É justamente a essa fé que o cantor se refere ao mencionar folha da juventude. O que se via nas ruas eram os jovens lutando por um futuro mais justo e livre, portanto muitos depositavam neles a esperança da transformação.
Também conseguimos notar que, quando Milton fala do amor, ele inclui outras aspirações positivas que fluíam dos manifestantes, como a coragem, o respeito e a cultura. Por meio deles seria possível romper as barreiras da repressão e alcançar os tão sonhados direitos sociais.

Tristes memórias e novos tempos 


Os tempos mais pesados e sofridos também são retratados na canção, como na seguinte estrofe:

Já podaram seus momentos
Desviaram seu destino
Seu sorriso de menino
Quantas vezes se escondeu 


Enquanto os militares comandavam o país, não havia espaço para a fala ou ações contrárias ao governo. Isso fica bem claro nessa parte, em que a canção conta a história de milhares de pessoas que perderam entes queridos e lutaram para ficar vivos. 
Foto: Evandro Teixeira
Ao citar um sorriso de menino escondido, Milton se refere a todos aqueles que disfarçaram seus ideais e objetivos para proteger seus familiares e amigos. Mesmo os atos de resistência, que combatiam as injustiças, eram organizados às escuras, para evitar mais sofrimento. 
Mas renova-se a esperança
Nova aurora a cada dia
E há que se cuidar do broto
Pra que a vida nos dê
Flor, flor e fruto

Em todos esses versos, vemos que a fé na mudança é colocada em uma nova geração, que protestava nas ruas por um governo democrático. 

Ao longo de todo o período da ditadura, os mais jovens foram o rosto da revolução e, no início dos anos 80, isso não foi diferente. 
Foto: Evandro Teixeira

Ao ver uma perspectiva de melhora, os mais experientes se tornaram conselheiros e incentivadores dessa luta, o que fica bem claro quando a canção fala há de se cuidar do broto.

Essa analogia permanece ao longo da letra, reforçando o cuidado vindo dos mais velhos para com a juventude. 

O amor é a esperança

Mesmo nos momentos mais difíceis, a amizade e o afeto trazem o sonho da alegria e isso não falta na composição de Milton. 
 Coração de estudante
Há que se cuidar da vida
Há que se cuidar do mundo
Tomar conta da amizade

Antes de continuar a interpretação da música, uma curiosidade: coração de estudante é também uma planta bastante comum em Minas Gerais. 

Por isso, há na música uma comparação subjetiva, em que o crescimento das pessoas é igual à proteção dedicada para que uma planta cresça forte e produza frutos. 
Foto Divulgação

Como bem sabemos, o coração é o símbolo do amor, da amizade e dos sentimentos positivos. Logo, um coração novo é mais disposto a demonstrar o apreço pelo mundo e pelos amigos, buscando uma sociedade mais igualitária, sem atrasos ou preconceitos.

Alegria e muito sonho
Espalhados no caminho
Verdes, planta e sentimento
Folhas, coração
Juventude e fé
A mensagem final é repleta de boas energias e vibrações. Conseguimos sentir que se abria um novo caminho e que o futuro da nação seria diferente sem um governo opressor que ordenasse regras e costumes. 

E isso está representado na delicadeza das palavras, que trazem positividade e a confiança em uma juventude mais consciente e esclarecida da sua importância social.

A música como resistência

Por mais de duas décadas, o Brasil viveu um momento turbulento em sua história. Quando os militares assumiram o poder, a liberdade de pensamento foi cortada da população. 

Milhares de pessoas que se posicionaram contra esse movimento foram perseguidas, torturadas e presas durante o regime. 
Uma das classes mais resistentes era formada por artistas e cantores famosos, como o próprio Milton Nascimento, Chico Buarque, Caetano Veloso, Nara Leão, Maria Bethânia, Gilberto Gil e outros que tiveram suas músicas censuradas pela ditadura.
Foto: Evandro Teixeira

HINO DAS MANIFESTAÇÕES


Quando Coração de Estudante chegou às rádios, os protestos tomaram as ruas e a música logo se tornou o canto oficial da população descontente
Em sua apresentação mais inesquecível, juntou mais de 60 mil pessoas que entoaram a melodia em coro no Rio de Janeiro, no auge do Diretas Já, marcando toda uma geração. 
foto divulgação


 

 







 
 


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