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QUANTO CUSTA UM DESAFETO?

 

Quanto custa anunciar um desafeto

Olá,

O histórico de ofensas pesadas de Jair Bolsonaro contra a TV Globo e o tom crítico do editorial da emissora ao longo dos últimos três anos de governo ganhou um elemento narrativo inusitado: de janeiro a junho deste ano, o governo federal aumentou em 75%, em comparação a 2021, a verba publicitária para a maior emissora do país. Mas o que aconteceu com as "patifarias" e "canalhices" de que Bolsonaro acusou a Globo em 2019? E a tensão que chegou a levá-lo a acionar a Justiça contra a emissora depois do editorial das 100 mil mortes por covid-19 em 2020?

Não é preciso ser cientista político para ligar os pontos: estamos a poucos meses das eleições presidenciais mais importantes desde o fim da ditadura civil-militar. Nesse contexto, mesmo espinafrada desde o primeiro ano de governo pelo presidente, a Globo tem um trunfo inegável: apesar das quedas brutais de audiência, com média de 21,4 pontos no primeiro quadrimestre do ano (de acordo com reportagem do UOL, os índices não eram tão baixos desde 1969), seu jornal do horário nobre é líder com folga de "share" (35,1%) — jargão que define a presença de um programa no universo de TVs ligadas. 

Aqui, é possível fazer uma inferência: o público do Jornal Nacional não é apenas o maior dos telejornais brasileiros. Seus seguidores fiéis, que dia após dia alcançam o controle remoto para ver e ouvir William Bonner e Renata Vasconcellos, não são os eleitores devotos e irredutíveis de Bolsonaro — aqueles que compram suas versões da realidade sem pestanejar, e que já rebatizaram há tempos o canal como "Globo Lixo". Bolsonaro está de olho nos telespectadores que ainda não arrebanhou. 

Nem vou entrar no mérito do que um governo realmente preocupado com as Comunicações do Brasil poderia fazer com esses R$ 11,4 milhões de publicidade, fomentando pequenas iniciativas de jornalismo local nos muitos desertos de notícias (municípios sem qualquer veículo jornalístico) país afora. Além de não ser razoável esperar isso do governo Bolsonaro, é prática antiga governos aproveitarem anos eleitorais para se promoverem buscando a reeleição. O que chama a atenção nesse caso é como os interesses de ambas as partes passam por cima de três anos de alfinetadas, ofensas e críticas duras.

No modelo de negócio tradicional da grande mídia, o jornalismo é financiado com dinheiro de publicidade, inclusive do governo. Mas esse não é o nosso caso. 

Neste mês, pela primeira vez, superamos a marca de 14 mil apoiadores. São 14 mil pessoas que acreditam que o jornalismo pode ser movido por pessoas, sem rabo preso com governantes, empresários, gigantes alimentícios, latifundiários, big techs, mineradoras e outros nichos do poder. Somos 14 mil acreditando que o jornalismo pode ser diferente.

No Intercept, você sabe, não aceitamos dinheiro de publicidade, de grandes marcas e muito menos do governo. Ei, Bolsonaro, não queremos seu dinheiro. Ou melhor: não queremos anúncios de qualquer governo (feitos com dinheiro público).

Por https://ajude.theintercept.com/donate/brasil?source=em_tib_20220707_taia_bolsonaroeglobo_botaoqueroapoiar

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